quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Registro de Obito

Império do Brazil
Provincia do Paraná
Registro Civil da Capital

No registro de óbitos do final do século XIX, aqui mesmo na cidade de Curitiba, o trabalho todo parece ser bem mecânico. As folhas já contem partes impressas e o trabalho do Escrivão de Paz limita-se simplesmente a preencher lacunas com as informações cabíveis e necessárias, dentre elas a cor do indívíduo (abro um parênteses para infaztizar este detalhe... acho que o caminho para o purgatório deve ser outro, aí a tamanha importância do registro da cor... sim! E se o sujeito toma o caminho errado?? Deus que nos livre!!!)
Me perco digitando tudo isso! Em meio aos nomes cientificos das doenças que cada pessoa morreu, fico imaginando a moradia do número morto, se tinha família, se sua casa situava-se na Rua da Assemblea, perto da Estação ou talvez na entrada da Estrada do Matto Grosso... se suas mãos eram calejadas devido algum trabalho pesado, se houve velório e se choraram por sua perda. Me pergunto porque tantas crianças morriam, porque os brancos partiam tão cedo enquanto seus escravos batiam os 80 e tantos. Se morreram na cama, dormindo ou se num hospital. Enfim, se eram felizes...

O número do registro não me exala odor nenhum, mas é visivel que um resquicio de morte está encravado nas amareladas folhas geladas...
Um registro de vida, um registro de morte... que diferença faz?? Não capto a essência, ou meu nariz anda falho demais para isso... me vejo quase sempre vagando em meio a estas linhas, para ver se encontro o perfume mórbido da existencia de cada um, cada um dos numeros que poderiam ter sido alguma coisa em vida!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Re: tá ae?

Muito mais confusa do que no principio
(que principio?)
Se fujo de termos e terminologias e todo seu significado
Me prendo a eles para dizer o que exatemente não quero
E pra explicar o que de fato quero... fujo??
A carência quer falar mais alto do que qualquer outra querência própria
E me pego no apego novamente
Seus risos me riem que nossos Deuses falam linguas diferentes
Mas a verdade é que me importam [ainda] outras linguagens...
de sentidos...
de fluidos...
de nervos a flor da pele...!
Aprenderei de novo com outra decepção
E viverei aos berros suplicantes dos meus proprios Deuses...