quinta-feira, 6 de março de 2008



Do chão de ladrilhos português para o alto das telas em cavaletes. Analisando esta frase, acreditamos que a transformação é simples, como num movimento só. Mas para este peruano, José Tazza, residente em Curitiba há cerca de um ano, deixar o seu já rotineiro trabalho em spray para poder "texturar" nas telas em branco contou com um amadurecimento próprio. A transição é perceptivelmente forte quando comparamos estes dois momentos de sua vida trabalhando com arte. Ao analisarmos as telas que compõe a sua exposição, percebemos uma fuga ao estereotipo e ao bonito quando vemos a mais pura liberdade de que as formas, proporcionadas por um simples galão de massa corrida, tomam conta em seus quadros. Não é preciso tentar se prender a movimentos muito bem definidos, mas sim nos deixar encher os olhos de irregularidades, tão puras que nos parecem vindas diretamente do estômago e não das mãos do artista. Para tais movimentos irregulares, Tazza conta com uma infinidade de objetos que nos passam despercebido tratando-se de arte em tela: escova-de-dente, pente, gilete, escova de aço, dentre outros apetrechos. Após texturizados, seus trabalhos ainda contam com a colorização do spray, da qual o artista opta em sua maioria pela tonalidade em sépia, que lembra facilmente fotos envelhecidas, criando um certo gosto nostálgico a quem admira as telas. Porém, se Tazza neste seu novo trabalho gostaria de poder romper com antigas técnicas ou romper com anteriores vínculos estéticos e artísticos podemos considera-lo cair em sua própria armadilha. O artista ainda se prende ao spray dotando a ele colorações em degradê, quebrando com a irregularidade apaixonante e visceral da qual a textura apresentava, para um previsível efeito de luz e sombra. Acabamos por direcionar nossos olhares juntamente com as cores e toda aquelas formas muito bem "não elaboradas" perdem um pouco do seu sentido. Juntamente com esta idéia, encontro um motivo cabível para a nominação da qual Tazza deu aos seus quadros : "1", "2", "3", "4", "5" e "6". Uma verdadeira continuidade da qual suas telas vem retificar que não existe uma ruptura, uma mudança brusca em nosso caminho. Ele simplesmente é dotado de transformações, das quais para que estas aconteçam temos de saber que os momentos somente nos acrescentam, nunca nos tiram.

terça-feira, 4 de março de 2008

Á sua condenação

Aos pés de um mundo me ponho
Chorando meu próprio erro
Fadada a condenação dos que já me condenaram e
eles rindo do que um dia eu também já ri
Me olho no espelho
Rio de mim!