
Um calor de 40°... e ainda se fosse o "Rio 40°"... estaria perto da praia e de qualquer outro tipo de malandragem verdadeiramente carioca... Mas não, a viagem cada vez se colocava mais longe de qualquer banho de mar ou de qualquer tipo de malandragem verdadeiramente metropolitana...
O sinal de civilização via-se nas barracas de lona, algumas já abandonadas, de trabalhadores sem terra... não é nem civilização, chamaria aquilo é de sobrevivencia já que o calor e a falta de qualquer outro recurso de comodidade ali dificultavam até mesmo os longínquos pastos bovinos. A viagem sim foi longa, eu já sabia disso! Mas a mistura de calor, maconha, 30km/h e paisagens incesantemente semelhantes (parecia que estavamos andando em círculos) deixou uma sensação de deserto e de que logo a primeira miragem apareceria! Confesso que naquele momento inúmeras sensações diferentes passaram pela minha cabeça...! O simples fato de estar no meio de um lugar completamente desconhecido com alguém que conhecera fazia algumas horas (e não é assim mesmo que conhecemos as pessoas?? não me julguem...) não deixa qualquer pessoa em situação confortável, "e ae, faz diferença??"! Aí vem aquela frase de mãe "nos dias de hoje, não se dá pra confiar em mais ninguem...", vai ver não é confiança, vai ver a população cresceu tanto que a probabilidadede se encontrar um "mau-elemento" por aí aumentou igualmente... não?!?! Tô pirando??? Bom, tanto faz...
A verdade é que tudo aquilo se incorporou... já tava me acostumando com a terra vermelha, com o suor e com o fato de há dois dias não tomar banho! Tomar água na bica do caminhão, dormir na rede com o calor - mais um pouco - do assoalho, descer em postos de gasolina e ganhar o cafezinho preto... poder conversar sobre coisas que se conversa com alguém que conhece a pouco tempo, "irmãos, familia, vontades futuras"... dormir em beira de estrada e achar que nada vai acontecer com você... Até parece que existiu um rompimento louco aí, parece que minha vida era simplesmente uma vestimenta, que tirei e a deixei naquele posto de polícia na saída de Curitiba e, enfim, coloquei outra na beira da estrada, esqueci de qualquer fantasma e qualquer resquício da outra roupa e prometi a mim mesma voltar a coloca-la quando chegasse na terra dos pinheirais de novo...
É lógico, já com alguns novos adereços pra complementar o guarda-roupa!
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