segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

E comecei o dia conversando com um dos muleques que moram perto da “rua do meio”. Na verdade nem deveria estar conversando com ele porque o garoto faz parte dos caras que atiraram nos muleques aqui da minha vila... tenso não!? São algumas quadras, quatro mais ou menos, e o contexto todo já muda! Tudo muda! E aí, não se pode nem atravessar mais a rua mesmo??? Se faço parte desta parte devo morrer por aqui mesmo, esquecer o outro lado e levantar e defender uma única bandeira! Hum... complicado, tudo tão perto porém tão distante... parece até frase clichê mas se for pensar cai direito no que eu estou tentando falar... tróco idéia lá e aqui e pra mim parece tudo tão o mesmo! Apenas quatro quadras...
Corri pro tubo e deu tempo de pegar o ônibus, o centro lotadásso... aquela loucura de época de Natal, você deve saber como é! Engraçado como uma data muda tudo... Bem, a verdade é que acabei voltando cedo pra casa, encarando as encaradas que davam na nossa conversa só porque o José é peruano... às vezes me concentrava tanto em tentar não prestar atenção na atenção alheia destas pessoas que me perdia no papo do José... droga mesmo!
Acho que a tarde passou-se quando me coloquei a desenhar uma flor de lótus, não sei ao certo, devo ter escrito alguma coisa também... inspiração de final de ano, quando sobra mais tempo pra pensar qualquer outra coisa a não ser pensar em não ficar louca de tanto pensar nas coisas da faculdade... "pensar leva a loucura?? pense nisso..."... o circulo vicioso que te deixa viciado...

A noite acabou indo além de tudo isso, mas na verdade se fosse pra chegar perto de alguma conclusão seria a de que tudo é uma questão de ponto de vista. Acho que ficamos horas conversando, e parecia que tudo voltava pra esta mesma questão, o ponto de vista. Até no som de Miles Davis e John Coltrane você pode entender que não se trata de um duelo entre os dois, a partir do momento que você nota que talvez o piano e o contra-baixo tenham mais o que dizer, isso, lógico, se você entender que os metais são simplesmente a base de toda a canção... às vezes é difícil tentar olhar de fora, sair do senso-comum e poder analisar as coisas de outra maneira... se já é difícil tentar escutar com outros olhos o jazz, tem como levar isso para questões tão corriqueiramente cotidianas?? Talvez essa maneira de pensar, até mesmo, ajudasse a esvaziar um pouquinho a Rua XV em dias de véspera de Natal, juntamente com todo seu espírito natalino de calor insuportável a qualquer curitibano. Se todo mundo pudesse de fato parar pra pensar "ta, mas e dai?"... e escutar a mesma canção com outros olhos, tentar decifrar o que demais aquela música tem pra nos dizer do que o simples “duelo de metais”, talvez poderíamos escutar um pouco nós mesmo e parar de agir como o resto do mundo determina...

Ahhhh...
E como é suave a cadência do contra-baixo!

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